Sejamos todos feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

“Sejamos todos feministas” foi meu primeiro contato com a Chimamanda. Os livros dela já estão há tempos na lista de livros para ler, mas ainda não tinha tido a oportunidade. Apesar de ser um relato curtíssimo, QUE LIVRO! O tipo de relato que TODOS deveriam ler, deveria ser lido com os adolescentes nas escolas.

Sejamos todos feministas é uma transcrição da palestra do TEDXEuston que Chimamanda apresentou em 2012.

“E se criássemos nossas crianças ressaltando seus talentos, e não seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar gênero?”

No relato, situações pelas quais ela ou mulheres que conviveram com ela passaram (e que a maioria das mulheres já devem ter passado) são descritas. Como algumas coisas são tão repetidas que parecem normais e não são sequer questionadas, como quando ela tinha 9 anos e apesar de ter cumprido os requisitos, não pode ser monitora da turma porque (óbvio) que esse cargo tinha que ser ocupado por um menino.

Ela conta como foi ser chamada de feminista a primeira vez, sem saber o significado da palavra, e como foi aconselhada a não demonstrar ser feminista outras diversas vezes, porque isso não passa uma boa imagem.

“Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece. Não ensinamos os meninos a se preocupar em ser “benquistos”. Se, por um lado, perdemos muito tempo dizendo às meninas que elas não podem sentir raiva ou ser agressivas ou duras, por outro, elogiamos ou perdoamos os meninos pelas mesmas razões.”

Muitas situações que ocorreram na Nigéria são contadas, e em alguns pontos o Brasil não é muito diferente (em alguns é exatamente o mesmo comportamento). Destaquei alguns trechos, mas o livro inteiro valeria ser destacado. Uma pena o livro ser tão curto.

“Em nossa sociedade, a mulher de certa idade que ainda não se casou se enxerga como uma fracassada. Já o homem, se permanece solteiro, é porque não teve tempo de fazer sua escolha.”

“Ensinamos que, nos relacionamentos, é a mulher quem deve abrir mão das coisas. Criamos nossas filhas para enxergar as outras mulheres como rivais – não em questão de emprego ou realizações,  o que, na minha opinião, poderia até ser bom – mas como rivais da atenção masculina. Ensinamos as meninas que elas não podem agir como seres sexuais, do modo como agem os meninos.”

“Ensinamos as meninas a sentir vergonha. “Fecha as pernas, olha o decote.” Nós as fazemos sentir vergonha da condição feminina, elas já nascem culpadas. Elas crescem e se transformam em mulheres que não podem externar seus desejos. Elas se calam, não podem dizer o que realmente pensam, fazem do fingimento uma arte.”

O ebook está disponível de graça na Amazon (link) (então não tem desculpas para não ler!).

Se ficar com preguiça de ler o livro, pelo menos assiste a palestra no TED (tem legenda em português).

10 comentários sobre “Sejamos todos feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

  1. Oii! Nossa, vou baixar agora mesmo! Adoro quando encontro livros que falam sobre o feminismo. E todas as coisas que ela disse nas corações que vc colocou são tão verdades, que só de me lembrar que nós já passamos pela maioria – senão todas – dessas situações fico extremamente irritada com a nossa sociedade.

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    1. Ela fala de um jeito que a leitura flui muito. Quando vi, já tinha acabado (é curtíssimo, até achei que tava faltando parte do livro quando acabei),
      Verdade, Nathalie. Selecionei algumas falas, mas são tantas, e tão verdadeiras. E muitas acontecem exatamente da mesma forma no Brasil. Igualzinho! Numa das falas ela lembra a história de uma menina que foi estuprada. E os comentários eram “pô, que chato né, mas por que ela tava naquele lugar?”. Exatamente como acontece aqui. A culpa sempre é da vítima… 😦
      É um assunto que temos que falar insistentemente, e trabalhar com crianças e adolescentes, para quem sabe, a situação melhorar e ficar de fato uma sociedade igualitária.
      Boa leitura!! Depois me conta o que achou. Já leu algum outro livro dela?
      Ouvi falar muito bem de Americanah.
      Beijos
      Rafa

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